quarta-feira, 9 de março de 2011

Gírias a bordo. Conheça seu novo dicionário!

Durante os cursos antes de embarcar já tinha escutado várias palavras que são como “únicas” a bordo. E, realmente são. Durante todo o dia você acostuma o seu ouvido a várias expressões que praticamente se tornaram universais entre os tripulantes.
Conheça algumas começando pela mais famosa:
- Mamagaio: preguiçoso, fica enrolando no serviço
- Taka taka too much: Muito fala-fala pouco trabalho
- Caput: tô morto, cansado
- Banana: levar um esporro
- Paisano: crew da mesma nacionalidade
- Payday: dia de pagamento
- Finito: já terminou seu serviço?
- Máfia – mafioso: quando faz amizade com alguém da cozinha ou restaurante e consegue comida boa
- Posible: quando alguém quer te pedir alguma coisa
- Babalu: tonto, idiota
- Dont like-go home: Não gosta da vida de barco...vai pra casa. Se reclamar muito vai ouvir isso
- Hard time: trabalho duro quando o chefe não sai do seu pé e te põe pra fazer tudo de uma vez ou de dá um montãooooo de coisas pra fazer.

Foto ilustrativa

segunda-feira, 7 de março de 2011

Cabine 224...a minha!

Depois de quase uma semana, então, tava aí de cabine nova. Acabou a mamata das cabines de passageiros com uma cabinista pra gente arrumando tudo...agora é por nossa conta. No Grand Mistral a cabine de crew, pelo menos a do bar, é dupla e tem banheiro. Ficava no segundo andar *. Há outros navios em que são mais tripulantes por cabine e com banheiro compartilhado. Na cabine, duas prateleiras, dois armários pequenos, e duas gavetas, além de uma TV. Nada grande, tudo compacto.


Minha companheira era uma colombiana (nome poupado por privacidade dela). Combinamos que a cada semana uma faria a limpeza do banheiro. Às vezes o único tempo livre era de madrugada e era nessa hora que rolava a faxina...puts...fazer o q??? (Nessa foto eu já tinha passado da cama de cima para a cama de baixo. Não é fácil e nem confortável aguentar o ar-condicionado pra lá de gelado na nossa cara). Todo crew sonha com a cama de baixo rsrs.

* Não estava ao nível do mar. Muitas vezes me pegava pensando "caraca tô dormindo abaixo d'água. Sem janela...às vezes batia um desespero de saber se tinha sol, se era dia ou noite...

Fotos de arquivo pessoal

Vida de Crew = Vida de fazer mercado

Depois de uns 3 dias sem ver a cara da rua, dentro de um navio parado, nos deram um tempo extra à noite para sair "última overniht em Santos" antes de iniciar a temporada. Enquanto uns foram para churrascarias ou boates, eu parti rumo ao mercado. Precisava urgentemente comprar biscoitos, miojo, sucos, todinhos, chocolate...nunca fiz compra com tanto entusiasmo e alegria kkk. Mal sabia que daí pra frente todo ou quase todo tempo livre seria de "fazer mercado". O importante era sair e fazer compras rsrsrs.


Foto de arquivo pessoal

Primeiro dia de trabalho

Então...29 de novembro de 2008...logo cedo já começa o trampo* (umas 8h30min a gente tinha a primeira reunião com toda a chefia do bar). O uniforme (veja na foto) ainda estava incompleto. No lugar da calça jeans...seria uma saia-short...esse é o uniforme usado na piscina. A camisa estava enooooooorme, mas ainda não tinha tido tempo de levar no tailor pra arrumar. O primeiro dia de embarque geralmente é cheio de protocolos e cansa demais...a gente chegou, almoçou, preenche ficha no Crew Purser, pega mala, come, toma banho, conhece chefes, colegas de trabalho, cabine....affffffff...estressa tanto...
E por falar em cabine...eu fiquei uma semana em cabine de passageiro com outras três meninas (essa na foto) porque outros tripulantes ainda precisavam desembarcar, então, não tinha cabine livre.

* Durante uns três dias o navio esteve vazio para receber mercadoria para começar a temporada Brasil. Então ficamos fazendo treinamento com bandejas, atendimento ao pax e limpeza, muita limpeza nos bares. Tudo tinha que estar impecável.


Foto de arquivo pessoal

Tá na hora do rango pessoal!

Acabamos de embarcar (eu e mais uns 10 novos crew members) e nos enviaram ao Crew Mess (restaurante destinado aos departamentos da cozinha, bar, cabinistas...). Há outros dois restaurantes a bordo para tripulantes: Staff Mess * (dançarinos, recepcionistas, animadores, enfermeiros...) e  Officer Mess * (oficiais). Então, eu tava ali...no Crew Mess (não se pode ir a outro restaurante que não seja o seu). A fome que eu sentia era tanta que eu - num primeiro momento - achei meu prato bonito. Mas...nem todo dia é assim. Acredito que o almoço era de boas-vindas rsrsrs. Confesso que na maioria dos dias comia somente batata e pão com queijo...só issoooooooo.  O ideal é almoçar quando está fora...numa hora livre.

* No Staff Mess e no Officer Mess as comidas são diferentes. Conforme o cargo melhor as regalias. Eu tava desesperada porque como muito pouco e tava difícilllllll.

Foto de arquivo pessoal

Embarque...o esperado (ou temido) dia chegou!

E aí, galera! O tão esperado dia chegou.
O primeiro embarque - esse do posting - foi em 28 de novembro de 2008. Passei a madrugada toda acordada desde o Rio de Janeiro até Santos. A ansiedade não me deixou pregar os olhos um momento sequer. Mas também não sentia sono...ainda não rsrs. Foram aproximadamente 7 horas de ônibus.  Chegando no Porto deixamos as malas para serem levadas ao navio. Não se preocupem, os agentes portuários etiquetam tudo direitinho.  

Abre a porta do Grand Mistral...era aproximadamente 13h (aguardamos desde às 6h30min no Porto) o coração estava acelerado e o peito apertado. Eu só pensava em uma coisa: ou dava certo ou dava certo. Agora era a hora de deixar uma história de 7 anos de jornalismo pra trás e encarar a jornada diária como Bar Waitress. Confesso que tive muito medo de não aguentar o tranco mesmo antes de começar. A todo momento eu mentalizava: Deus me ajuda...me ajuda!

(Dependendo do porto o tripulante já embarca com a própria mala).

Fotos de arquivo pessoal


domingo, 6 de março de 2011

Seja bem vindo. O mundo está aberto a você!

Esse blog será um dos meios de comunicação a todos que têm a curiosidade de saber como é a vida a bordo de um navio de cruzeiros. Seja um futuro tripulante, amigos, familiares ou mesmo aos internautas. Creio que muitos se perguntam sobre essa diferente vivência em um grupo num espaço limitado durante meses.
Quem me conhece sabe que por várias vezes eu dei uma “viajada” nessa onda de trabalho. E a idéia vingou, graças a Deus!
Fazer parte da tripulação de um navio é uma tarefa complicada e muita gente acaba “morrendo na praia”.
Se o trabalho é fácil? Não. A rotina vai desde a adaptação, horas dedicadas ao passageiro (que de repente juntou grana o ano inteiro para as merecidas férias), treinamentos e vestir a camisa “mesmo”.
Por outro lado, chegar a cidades, estados e países diferentes, conhecer novas culturas e pessoas, e ainda receber o salário em dólar...quer coisa melhor?

Foto ilustrativa